SAUDADE

Paulo Neruda escreveu que só uma pessoa no mundo deseja sentir saudades: Aquela que nunca amou. 

E fiquei questionando o real sentido da palavra saudade.

 Há quem diga que é amar um passado que ainda não passou, é recusar o presente, é não conseguir enxergar o futuro, é sentir que ainda existe o que não existe mais, é o inferno dos que se perderam e a dor dos que ficaram pra trás... Nossa! 

Mas ainda existem aqueles que afirmam que a saudade não é o maior dos sofrimentos, pois o maior deles é não ter por quem sentir saudades. Dizem os mais experientes que só se sente saudades por alguém muito,  muito especial. Quando se ama alguém é muito bom. 

Nossa!!! Como é maravilhoso ter essa pessoa no pensamento desde quando acordamos até a hora de ir dormir. É andar pelas ruas e ter sempre a sensação de que vai encontra-la em meio à multidão, e até mesmo conseguir sentir seu perfume quando fechamos os olhos. 

Sabe o que é melhor que tudo isso? 

É poder todos os dias abraça-la e poder dizer o quanto a amamos. 

Já pensou uma situação dessas e não ter a oportunidade de abraçar, beijar, e dizer o que sente, pelo simples fato de estar distante? Pois é, isso é saudade... um sofrimento que nos machuca por não poder ter do nosso lado a pessoa a quem amamos. É sonhar acordado todas as noites imaginando onde ela estará, é olhar a lua imaginando se ela também faz o mesmo, é sentir a brisa da manhã e pensar no calor do seu abraço, imaginando que ela também pense e sinta sua falta. 

Vinicius de Morais escreveu que a vida é arte dos encontros embora haja tantos desencontros pela vida. Eu sempre que leio esse pensamento, vejo no final da frase a palavra saudade, pois quando existem desencontros, com certeza haverá saudade. 

Isso me lembra dum trecho que lí e que me emociono sempre: 

Antes de nos termos encontrado, atravessava a vida sem sentido, sem razão. Sei que de alguma maneira, todos os passos que dei desde quando comecei a andar eram dirigidos ao teu encontro. Estávamos destinados a encontrarmo-nos. Mas agora, sozinha em meu quarto, comecei a perceber que o destino pode magoar tanto quanto pode abençoar, e dou por me perguntar por que razão, de todas as pessoas do mundo inteiro, tinha que me apaixonar por alguém que foi levado pra tão longe de mim. 

Quando se fala em saudade, eu sempre me lembro desse texto, e sempre me emociono quando imagino a historia dos dois. Saudade dói não é mesmo? 

Eu sinto saudades. 

Saudade de um tempo que já se foi e que não volta mais. Saudade de alguém que perdi há dez anos e que nunca disse o quanto eu o amava. 

Saudade de quando eu era criança, e na minha inocência acreditava que o mundo era perfeito, e que as pessoas eram sinceras. 

Saudade de correr na chuva, de andar nas ruas por dentro das poças de água, voltando tomada de lama, e ver o desespero de minha mãe; saudade da pureza, da simplicidade, do carinho, e do amor dos meus pais. Saudade das festas de fim de ano, quando reuníamos toda a família; tios, tias, primos, primas, como era bom poder ter todos tão perto. 

Eu só não imaginava hoje depois de mais de trinta anos, sentir tanta saudade daqueles momentos. Em fim, saudade só sentimos de pessoas especiais, pessoas que de alguma forma marcaram a nossa vida e que certamente não iremos esquecer, 

mesmo que o tempo passe, sempre se farão presentes através da saudade.